Podia ter pensado diferente, pelo menos dessa vez. Podia não
ter arrumado o apartamento para quando ele chegasse, como quem abre o coração
para um novo amor. As coisas deveriam transparecer realmente o que elas eram:
um lugar bagunçado pra um coração que mal sabe se ainda deveria bater pela
mesma pessoa ou não. Deveria ter deixado os tocos de crivos no chão, os discos
de rock espalhados pela sala, o cheiro do gato infestando os corredores, os
livros da faculdade amontoados na cabeceira da cama, as persianas mal-fechadas
para que a lua sempre iluminasse seu quarto, os pedaços de limão na pia,
resultados de um sábado regado a caipirinha. Naquele domingo, deveria ter
deixado que as más notícias parecessem com o lugar onde elas estavam sendo
contadas.
Dessa vez queria ter ouvido a ligação de Rafael e dito para
ele que viesse, que impedisse que ele entrasse em seu apartamento e a fizesse
bagunçar ainda mais toda a sua vida. Queria ter deixado Rafael entrar para
gritar com ela e dizer que as coisas não podiam mais continuar assim. Deveria
ter ouvido-o dizer que tudo poderia ser melhor, bastava ela querer. Bastava ela
parar de insistir no que já estava escrito, “não adianta tu me dizer que tudo
está fora de ordem se tu não fala pra ele o que tu sente”, repetia Rafael.
Talvez ela devesse jogar Eduardo na parede, de uma vez por todas, e dizer que queria estar com ele. Hoje, agora, amanhã, sem demora. Poderia ter feito isso tantas vezes, naquelas vezes em que deixavam que o silêncio pairasse entre uma tragada e outra. Tudo não passava de uma culpa que ela mesma deveria sentir, pois mesmo sabendo que a situação poderia mudar, preferiu demonstrar frieza quando a situação em que se encontravam desde que resolveram ter esses ‘casos’ avulsos.
Talvez ela devesse jogar Eduardo na parede, de uma vez por todas, e dizer que queria estar com ele. Hoje, agora, amanhã, sem demora. Poderia ter feito isso tantas vezes, naquelas vezes em que deixavam que o silêncio pairasse entre uma tragada e outra. Tudo não passava de uma culpa que ela mesma deveria sentir, pois mesmo sabendo que a situação poderia mudar, preferiu demonstrar frieza quando a situação em que se encontravam desde que resolveram ter esses ‘casos’ avulsos.
Pode ser que amanhã.. Ou talvez daqui dois meses. Se o
apartamento permanecer bagunçado, alguém vai ter que arrumar. Seja Eduardo ou
quem quer que seja. As coisas iriam mudar, “nem desistir nem tentar, agora
tanto faz”. Já estava no seu limite, iria deixar a porta entreaberta, quem
batesse e se convidasse para entrar, talvez ela emprestasse um dos seus livros
mais romanceados da história, apenas para poder dar um manual de instruções
para quem decidisse mudar a vida dela.
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