que na verdade as coisas começaram errado. primeiro eu soube que você era o que eu precisava, e depois eu descobri que na verdade eu era você. você, eu digo, quem os outros diziam que você era, entende? muito bem, tua frieza e distância mexeram com a minha ansiedade e atrapalharam noites de sono que poderiam completar horas suficientes pra um dia produtivo; você mexeu com alguma coisa que eu não sei o que é. perguntam-me o que foi que eu vi em você ou em qual momento eu desejei ter você pra mim. corto estas perguntas ao meio e digo "eu nunca o quis", ao menos não da forma com que as pessoas pensam, sabe? eu o quis na minha cama, em meio aos meus lençóis, eu quis sentir o teu gosto nas silenciosas sextas-feiras e, vendo agora, talvez tenha sido isso apenas, entende? ou não, ou talvez seja novamente mais um jogo mental criado por mim mesma tentando me provar que é impossível que eu me apaixone. pare, não leia esta última palavra, você pode acabar tendo um espasmo ou qualquer outra coisa. só para que fique claro, então, não sou apaixonada por você. eu me encantei pela comodidade da companhia, pela felicidade que um abraço apertado pode trazer ou risadas inusitadas; acredito que me perdi no suor, nos tapas, nos beijos e gostos e cheiros e em toda essa palhaçada que envolva contato corpo-a-corpo. me perdi nos goles de vinho, cerveja, vodca. no teu jeito descompassado de tocar violão e na minha voz tímida querendo te acompanhar. senti uma raiva profunda ao saber que você tinha encontrando outra menina por aí, seja a loira, seja uma morena, eu senti como se tivesse perdido uma parte boa, passageira, mas boa. confesso que, ao final, consigo ser muito egoísta. quis demonstrar egoísmo, infantilidade e possessividade porque eu não tinha nada a perder e nem a ganhar. porra, eu não posso te responder o que eu não tenho certeza! não agora... eu acho que eu tenho que ir, não me espere. não espere o sol se pôr para me dizer que precisa que eu fique do teu lado. você estaria mentindo e eu iria rir da tua cara. ah, ah, obrigada então por não ter me enganado, muito embora isso já tenha acontecido quando você inventou de pegar na minha mão. tivesse afastado desde o início então, tivesse não falado comigo o dia inteiro quando o que eu mais queria era poder sair do meu trampo e bater na tua casa, nem que fosse para pedir um suco de laranja. acho que eu inverti as coisas muito antes do começo (...) se eu tivesse evitado a tua foto naquela rede social maldita, talvez agora não estaria vomitando tudo isso, na verdade. "que descuido meu pisar nos teus espinhos". e então você vai se assustar, sair correndo. eu não tenho medo de dizer o que sinto, então digo-te com todas as palavras: não é nada demais. nada vai tirar de mim que eu não te conheço, mas o pouco que conheço é o suficiente para querer ver o teu cabelo bagunçado. talvez seja só isso. queria mesmo era que você soubesse isso, em linhas tortas e diretas e sem nexo algum. entrei em um barco furado onde para você só importa como terminou o seu dia, quando pra mim eu poderia ficar um dia inteiro ouvindo amenidades, tudo para que no final do dia você dissesse "estou indo te buscar". me ligasse, me procurasse. a vez que você sumiu foi o suficiente para que uma parte essencial em mim se quebrasse. talvez você seja mais um daqueles caras, e eu tenho certeza que daqui alguns dias eu conseguirei te dizer não, mesmo que meu corpo diga sim, minha mente não pensa quando estou contigo e é por isso que você me leva a outro mundo (...) mundo inútil esse em que as coisas não conseguem ser naturais. ao final, penso em tudo isso enquanto te espero em um carro ligado, vendo você pegar mais uma garrafa de cerveja e vir em minha direção. garoto, você não sabe. garoto, essa não é a nossa conversa final.

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