_ Porra, Geovane, que merda! Qual era a dificuldade em me dizer o que esse relacionamento parecia ser? A mim não adianta nada você me dizer agora que "sempre soube". Aliás, acho isso engraçado porque é só depois do fim que todos querem dizer o que apenas eu não enxergava - disse Mônica, batendo com o copo sobre a mesa e enrubescida de raiva.
Geovane, balançando a cabeça para um lado e outro, escorou sua toalha no ombro, apoiou as duas mãos sobre a bancada do bar e disse:
_ Mô, tu estavas apaixonada, lembra disso? Lembra tudo o que eu tive que ouvir sobre o Adam durante esse ano? O que você esperava de mim?
_ Sinceridade -, resmungou Mônica.
_ Acontece que eu também não teria como saber o que iria acontecer, minha cara. Tu te entregou, na mesma intensidade e irracionalidade de sempre. E, veja bem, não estou te julgando por isso. Ocorre que é até confortante te ver sorrindo e dando piruetas por aí, apaixonada. Não seria eu quem iria terminar com essa felicidade tua. Você precisava viver isso, não acha? - disse Geovane.
_ Talvez eu tivesse precisado mesmo. Mas Ge, olha só, eu acho que no fim das contas eu só precisava que alguém percebesse os olhares que ele me lançava e conseguisse captar se havia algum brilho naqueles olhos. Porra, apenas um brilho, entende? Eu não sei dizer até hoje se ele se apaixonou ou não. Isso me mata! - disse Mônica tão rapidamente que na última palavra lhe faltou ar.
Geovane olhou-a com ternura e disse:
_ Mô, não te martiriza. Tua maior qualidade é essa: ser amor, exalar amor e, quando ninguém mais tem esperança nessa porra de sentimento, lá vem você e mostra que, poxa, há amor. Admiro isso em ti e sempre admirei. Quando você se apaixonou por Santiago, por exemplo, eu estive aqui. Aliás, eu estive aqui desde quando o Eduardo apareceu na tua vida, não é? E essas foram as suas melhores fases. Se você pudesse ter meus ouvidos e meus olhos, olharia para você com ternura. Só eu consigo enxergar o quanto você cresceu e deixou de ser aquela Mônica explosiva e, de certo modo, fria. Você abriu seu coração e não deve se sentir culpada por isso. Acontece que a gente não pode sentir pelo outro, não é isso mesmo que você adora dizer? Pois é. Não deu, mas você tentou - finalizou Geovane, abrindo mais uma Indian Pale Ale.
Mônica, com os olhos cheios de lágrimas, disse:
_ Onde que eu me perdi, Geovane? Eu costumava ser tão segura de mim e agora tô aqui, quase chorando por um desamor. É só um desamor, caralho. Eu preciso passar por cima disso e tocar a minha vida -, disse Mônica, rindo.
_ Você vai tocar a sua vida. Só não tenha pressa.
E então o silêncio reinou e a campainha da entrada do bar soou.
_ Ah, olha lá quem entrou - disse Geovane -, o Santiago.

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