Poderia muito bem ter colocado aqueles fones de
ouvido e ter passado aquela música - pensou ela logo depois que algumas
lembranças começaram a ressurgir em sua mente.
Era um fim de tarde aparentemente normal, exceto pelo fato de que ela estava longe de tudo. E levava consigo menos preocupações e mais calmaria. Aquele ônibus, aquelas pessoas e aquela visão incrível do pôr do sol faziam com que ela sentisse que quando voltasse pra casa as coisas não seriam do mesmo jeito. As semanas passariam sem pesar e ela desistiria de pensar em desistir nas coisas que ela havia pensado nos últimos dias.
Na verdade, ter deixado aquela música tocar só a fez relembrar daquelas últimas palavras que ela tinha ouvido, claro que não diretamente, sobre um "passado que há muito tempo ela quer esquecer". De qualquer forma, pensando ela, não-faz-mais-diferença pensar sobre isso. Mas fica aquela dúvida: Se ela foi pra ele apenas um momento de transição, ou seja, ela foi uma diferença que ocorreu entre quem ele realmente amou de verdade e quem ele aprendeu a amar, aonde ela entra nisso tudo?
E foi assim que ela foi pensando, embrulhando novamente todo aquele pensamento fixo que ela tinha concentrado na mente, que se constituía apenas de vontades mal "matadas" e dúvidas não resolvidas. Mas ela era nova demais pra dizer chega, ela era insegura demais pra deixar-se viver o intenso, ela era ingênua demais por achar que aquilo duraria pra sempre. Mas, de qualquer forma, ela viveu aquilo. E pelo menos pra ela foi uma parte importante para o que ela chama de "crescimento pessoal”.
Aquele sol, aquele lago não muito movimentado, aquelas vozes que se misturavam com a seleção de músicas. O agora, o antes e o meio. Tudo foi se aglomerando e fazendo-a esquecer de que o que importa mesmo é decidir o agora, é saber como as coisas serão resolvidas quando a semana recomeçar. Mas ela simplesmente se delimitou a não decidir nada, "pelo menos por esse fim de semana", porque sabia que voltando pra casa, teria medo de executar suas decisões.
Não é de praxe ela deixar que uma lágrima escorra, pelo menos não nesses últimos meses. Mas naquele momento ela desejou que viesse uma vontade imensa de chorar, porque ela sabia que naquele lugar, era-só-secar-as-lágrimas e ninguém perceberia. Muito mais fácil num ônibus do que numa fila de banco, certo?
Mas nada veio. Vai ver é porque ela tava feliz demais pra deixar que indecisões a fizessem se sentir pra baixo. O que ela sentia naquele momento, mesmo se misturando com sentimentos perdidos, era um imenso prazer, uma sensação inesquecível de plena calma. Fazia tempo que ela queria sair por aí, ver gente diferente, sabe? Não precisar se importar com o mundo e simplesmente conhecer coisas novas. Fez-de-tudo e agora ela já teve que voltar pra casa. Voltou e ao mesmo tempo em que se sentia cansada, queria poder dizer para o motorista: Pode voltar pra lá?
Era um fim de tarde aparentemente normal, exceto pelo fato de que ela estava longe de tudo. E levava consigo menos preocupações e mais calmaria. Aquele ônibus, aquelas pessoas e aquela visão incrível do pôr do sol faziam com que ela sentisse que quando voltasse pra casa as coisas não seriam do mesmo jeito. As semanas passariam sem pesar e ela desistiria de pensar em desistir nas coisas que ela havia pensado nos últimos dias.
Na verdade, ter deixado aquela música tocar só a fez relembrar daquelas últimas palavras que ela tinha ouvido, claro que não diretamente, sobre um "passado que há muito tempo ela quer esquecer". De qualquer forma, pensando ela, não-faz-mais-diferença pensar sobre isso. Mas fica aquela dúvida: Se ela foi pra ele apenas um momento de transição, ou seja, ela foi uma diferença que ocorreu entre quem ele realmente amou de verdade e quem ele aprendeu a amar, aonde ela entra nisso tudo?
E foi assim que ela foi pensando, embrulhando novamente todo aquele pensamento fixo que ela tinha concentrado na mente, que se constituía apenas de vontades mal "matadas" e dúvidas não resolvidas. Mas ela era nova demais pra dizer chega, ela era insegura demais pra deixar-se viver o intenso, ela era ingênua demais por achar que aquilo duraria pra sempre. Mas, de qualquer forma, ela viveu aquilo. E pelo menos pra ela foi uma parte importante para o que ela chama de "crescimento pessoal”.
Aquele sol, aquele lago não muito movimentado, aquelas vozes que se misturavam com a seleção de músicas. O agora, o antes e o meio. Tudo foi se aglomerando e fazendo-a esquecer de que o que importa mesmo é decidir o agora, é saber como as coisas serão resolvidas quando a semana recomeçar. Mas ela simplesmente se delimitou a não decidir nada, "pelo menos por esse fim de semana", porque sabia que voltando pra casa, teria medo de executar suas decisões.
Não é de praxe ela deixar que uma lágrima escorra, pelo menos não nesses últimos meses. Mas naquele momento ela desejou que viesse uma vontade imensa de chorar, porque ela sabia que naquele lugar, era-só-secar-as-lágrimas e ninguém perceberia. Muito mais fácil num ônibus do que numa fila de banco, certo?
Mas nada veio. Vai ver é porque ela tava feliz demais pra deixar que indecisões a fizessem se sentir pra baixo. O que ela sentia naquele momento, mesmo se misturando com sentimentos perdidos, era um imenso prazer, uma sensação inesquecível de plena calma. Fazia tempo que ela queria sair por aí, ver gente diferente, sabe? Não precisar se importar com o mundo e simplesmente conhecer coisas novas. Fez-de-tudo e agora ela já teve que voltar pra casa. Voltou e ao mesmo tempo em que se sentia cansada, queria poder dizer para o motorista: Pode voltar pra lá?
And
storefronts rarely changed
At least
I'm on my own again, instead of
Travelling
with you
I'm
sorry, it seems
Sometimes I forget my way
Uma vez Roque voltava num ônibus feito esse; praticamente vazio; do mesmo lugar. Sentado na última poltrona ao lado do W.C. ele pensava sobre as coisas que fez e as coisas que deixou de fazer. O sol havia sumido de cena, o breu tomava conta, quando uma lágrima correu no rosto de Roque. Eram sentimentos misturados, seu time havia perdido a taça do campeonato mais importante do continente e, seu primeiro amor vivido lhe abandonara uns meses antes. Ele se perguntava: e se a bola tivesse entrado e como seria se ela estivesse com ele naquele momento?
ResponderExcluirNão havia rádio de bolso, o único barulho que ele ouvia era o ronco do motor que o trazia de volta, mas provavelmente se ele pudesse escutar algo aquela canção que diz:
"Can't you see I'm trying? I don't even like it
I'd just lied to get to your apartment
Now I'm staying here just for a while
I can't think 'cause i'm just way too tired"
Roque estava cansado, foi uma longa viagem de capital a capital, e depois disso ele viu que não era ele, eram eles, mesmo os dois não sendo inimigos.