Pegou a sua bicicleta e resolveu sair por aí, mesmo que a
previsão do tempo marcava temporal e ventos fortes. Esses eram os melhores dias
para sentir as gotas cortando o rosto ao largar as duas mãos do guidão e descer
a ladeira. Qualquer pessoa que passasse por perto poderia duvidar de sua
sanidade, mas fazia um bom tempo que ela havia perdido o medo de tentar ser o
que ela realmente é. Ela é louca, ela mal sabe pra onde está indo, mas ela
acredita que encontrará no fim do caminho tudo o que um dia tinha planejado.
Não importa o caminho que ela seguisse, ela tinha alguma força dentro dela que
fazia com que ela sempre soubesse qual o melhor caminho a seguir, mesmo que no
meio desse houvesse tempestades, chuvas de granizo ou terremotos.
Sentiu que já estava muito molhada e a temperatura que fazia
naquele dia não era das mais calorosas, o inverno se aproximara e o horário de
verão já tinha acabado fazia um bom tempo.
Como que num suspiro sentiu uma enorme falta daqueles braços que conseguiam abraçá-la por inteiro, não importando se ela estivesse queimando ou despedaçando-se.
Andou mais duas quadras e parou na frente daquela casa azul-bebê, com uma plaquinha de “bem-vindo” na porta e um portão que separava a casa de um pequeno caminho rodeado de flores de todas as cores possíveis. Riu baixinho ao pensar que aquela casa não seria a mesma se ele morasse sozinho.
Como que num suspiro sentiu uma enorme falta daqueles braços que conseguiam abraçá-la por inteiro, não importando se ela estivesse queimando ou despedaçando-se.
Andou mais duas quadras e parou na frente daquela casa azul-bebê, com uma plaquinha de “bem-vindo” na porta e um portão que separava a casa de um pequeno caminho rodeado de flores de todas as cores possíveis. Riu baixinho ao pensar que aquela casa não seria a mesma se ele morasse sozinho.
De repente viu um rosto do outro lado do vidro da janela,
que gargalhava como que tirando com a cara dela, que vestia uma capri preta,
uma regata azul e um all-star velho e que mais parecia com uma cadela
abandonada – e ensopada – procurando por alguém que a pegue pra alimentar e dar
carinho,. Ele abriu a porta e foi ajudá-la a passar com a bicicleta no portão
da frente.
O que ela sentia ao ver ele, além de sentir “o amor invadindo-a pela boca enquanto ele sorri”, era uma espécie de medo. Aquele mesmo que ela tinha perdido em tão pouco tempo e redobrado por ter se distanciado por algumas semanas.
Qualquer decisão que ela tomasse a impedia de saber como seguir em frente. Ela gostava dele, sentia que se estivesse ao lado dele as coisas realmente poderiam dar certo. Acontece que sempre foi mais uma mãe do que uma namorada, e por vezes ficava se perguntando se conseguia driblar os horários da rotina para encontrá-lo em alguns dias da semana. Não suportava a idéia de deixá-lo ir embora, mas também se sentia enojada por impedi-lo de ir. Ele já tinha deixado para trás muitas coisas em função de alguém que amava, e não era por ela que ele não seguiria em frente, que não seria uma pessoa melhor e toda aquela coisa que nos aconselham a termos como princípio de vida. Porém, se deixasse que aquele sentimento se estendesse um pouquinho mais, era capaz de passar uns bons três meses se remoendo por ter deixado o amor tomar forma mesmo sabendo que ele partiria.
Entrou na casa dele e aceitou o convite de passar a noite
ali. De qualquer forma, ela morava longe e já eram quase oito horas da noite.
Se ela saísse novamente com aquela roupa encharcada, era capaz de passar o dia
seguinte inteiro com um lenço nas mãos para ficar assuando seu nariz a cada
minuto. Então, mesmo sabendo que não deveria nem ter ido ali e deixado com que
ele a ajudasse a trocar de roupa por conta da sua tremedeira.
Quando ele a olhou nos olhos, enrolando uma toalha em seus
ombros, ela desejou que não sentisse metade das coisas que estava começando a
sentir. Não por egoísmo, mas porque ela nunca gostou de sentir a necessidade de
ter alguém pra chamar de “dela”. E com ele, mesmo que as coisas já não fossem
mais as mesmas, ela não estava ali para fazê-lo desistir a deixar a cidade, mas
sim para mostrá-lo que ainda sentia falta dele. Das noites que passavam
sentados no meio-fio jogando conversa fora e bebendo ou também os dias que
gastava todo o saldo do seu celular apenas para ficar ouvindo ele chamar os
seus cachorros ou suas divagações sobre como as mulheres pareciam sempre as
mesmas, sem contar na forma como ele dizia que todas a enlouqueciam.
Talvez aquela noite passasse em branco na vida dos dois no dia seguinte, mas de qualquer forma ela não esqueceria tão facilmente todas as loucuras que foram capazes de cometerem juntos. Se ele fosse, uma parte dela iria junto. Se ele ficasse, talvez ficassem juntos, ou talvez não. Mas ela nunca foi de pedir muito, então, até o momento sentia uma paz enorme. Pode ser que ele partisse e ela demoraria alguns dias para acostumar-se com a idéia de não precisar fazer recargas no celular toda semana. Mas saberia que nada do que tinha acontecido entre eles foi em vão. Pelo menos não pra ela.
Talvez aquela noite passasse em branco na vida dos dois no dia seguinte, mas de qualquer forma ela não esqueceria tão facilmente todas as loucuras que foram capazes de cometerem juntos. Se ele fosse, uma parte dela iria junto. Se ele ficasse, talvez ficassem juntos, ou talvez não. Mas ela nunca foi de pedir muito, então, até o momento sentia uma paz enorme. Pode ser que ele partisse e ela demoraria alguns dias para acostumar-se com a idéia de não precisar fazer recargas no celular toda semana. Mas saberia que nada do que tinha acontecido entre eles foi em vão. Pelo menos não pra ela.
Quando a noite caiu, após várias risadas e olhares
demorados, que aos poucos faziam com que ela começasse a desistir da idéia de
visitá-lo com tanta freqüência, ele ofereceu um lugar na sua cama. Nem que
passassem a noite inteira apenas olhando um no olho do outro, ou mesmo que
alguma coisa acontecesse, sentia-se feliz. Feliz porque pelo menos por uma vez
sentiu que não tinha sido passada pra trás e muito menos tinha se envolvido com
alguém que não fosse sincero. Talvez no mês seguinte, ou até na semana
seguinte, os dois não mais se veriam. Mas a partir daquele momento, nada mais importava
a não ser ter a certeza de que ele também sentiu por ela algo que nem mesmo
alguém invisível conseguiria esconder.
0 comentários :
Postar um comentário