Extremos opostos.


Mônica estava sentada na sala, olhando Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, quando de repente o telefone tocou. Era ele, perguntando se ela estava sozinha em casa e se não estava afim de compartilhar um vinho. Ele costumava trazer o vinho mais barato quando a visitava, mas ela pouco se importava com isso, pois sempre deixava de tomá-lo para poder ganhar mais tempo estando ao lado dele.

_ Eu já to aqui na frente, posso subir?
_ Já que tu já ta aí... Pode subir.

Mônica abriu uma fresta da porta e fechou-a imediatamente, escorando-se de costas na porta, revirou os olhos e respirou fundo, como quem diz “Eu não devia estar fazendo isso”, e então tirou sua carteira do bolso e acendeu o terceiro cigarro do dia. Mônica aos poucos estava aprendendo a fumar menos, mas esse tipo de situação sempre a deixava nervosa.
A campainha tocou, e ela, simulando uma voz distante, disse:
_ Já vou, espera aí.
Tapou o rosto com as duas mãos, soltou o ar de seus pulmões com força e virou-se para abrir a porta. Depois de alguns segundos segurando a maçaneta, ela finalmente abriu a porta.
Ele soltou um riso tímido, e desejou-a Feliz Aniversário.
Mônica não havia chamado ninguém para visitá-la em seu aniversário, exceto Amanda, que apareceu no cair da tarde para trazê-la uma pantufa que havia prometido.
 Ele perguntou se podia entrar, e passou por ela deixando um beijo nos lábios. Mônica inicialmente achou um pouco ousada a atitude dele, mas depois entendeu, até porque como ela iria pensar que um cara que subisse em seu apartamento iria compartilhar um chá e algumas bolachas?

Depois de tanto tempo, ela conclui que ele já tinha resolvido suas questões amorosas, e ela ainda continuava pensando naquele outro cara. Não quis dizê-lo sobre isso apenas porque ela precisava de alguém para passar aquela noite fria.
Ele abriu o vinho e foi buscar duas taças. Ele sabia onde ficava cada objeto no apartamento e não se sentia nem um pouco envergonhado de buscar o que quisesse. Talvez esse jeito ousado dele que tivesse encantado Mônica. Ele era um cara legal, mas ela nunca tinha conseguido deixar que ele dormisse por mais que três dias em seu apartamento. Achava que as coisas sempre estavam indo muito rápido quando aconteciam essas situações.

Servindo as duas taças, Mônica observou o rosto daquele garoto. Percebeu que o tempo havia passado e que eles já não eram mais aqueles adolescentes que se encontravam nos bares e não conseguiam ir embora sozinhos. Riu baixinho. Ele perguntou o porquê de ela ter sumido. Mônica respondeu como quem não gosta de dar satisfações, que as coisas estavam um pouco corridas e que ela não tinha muito tempo pra fazer as coisas que ela gosta.

Mônica largou a taça na mesa e encostou sua mão no rosto dele. Aproximando sua boca, fechou os olhos com força e chegou um pouco mais perto. De repente, os dois estavam, como naqueles dois anos anteriores, vendo-se em total apego um pelo outro. Como se já se conhecessem há muito tempo e negassem isso o tempo todo.
Talvez naquela noite ela o dissesse que fosse embora mais cedo, mas querendo ou não, ela sabia que se deixasse que ele a fizesse um café da manhã, ela o convidaria para dormir em seu apartamento por uma semana.

"Did you know all the time but it never bothered you anyway
Leading the blind while I stared out the steel in your eyes.."
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Autor Reckless Serenade.

Como diria Gabito Nunes: "eu é que tenho mania de - uns chamam de dom, outros de doença psíquica, e eu gosto de conceber isso como um estilo de vida - romancear tudo."

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